O impacto da hipnose no cérebro
POR TALES NIECHKRON
A hipnose, tradicionalmente envolta em mistério e equívocos, tem sido objeto de inúmeros estudos centrados na mente humana. Ainda que existam aqueles que a percebam erroneamente como mero truque, a pesquisa científica robusta tem demonstrado de maneira convincente a sua realidade e os benefícios que pode proporcionar à humanidade.
Através de técnicas de relaxamento e controle respiratório, o hipnotismo pode conduzir o indivíduo a um estado de profunda calma, trazendo à luz os conteúdos mentais ocultos e promovendo uma maior autoconsciência, bem como um entendimento mais profundo da condição psicoemocional.
A terapia baseada na hipnose, a hipnoterapia, capitaliza estas descobertas para auxiliar na gestão de diversos problemas psicológicos, incluindo insônia, ansiedade e fobias. Um dos aspectos mais benéficos é que essa modalidade de terapia é acessível para indivíduos de todas as idades.
A otimização dos efeitos da hipnose requer um entendimento mais preciso de como ela impacta o cérebro humano. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade de Stanford nos Estados Unidos estão realizando estudos inovadores.
Através da aplicação da Escala do Grupo de Harvard para Suscetibilidade Hipnótica, uma equipe de pesquisa conseguiu determinar a susceptibilidade à hipnose de 545 indivíduos. Esta abordagem permitiu a seleção de 36 indivíduos altamente suscetíveis à hipnose, e 21 indivíduos com baixa susceptibilidade, para a participação no estudo.
O cérebro dos participantes foi submetido a exames de ressonância magnética em diversas circunstâncias: em estado de repouso, durante a recordação de uma memória, sob a hipnose e ao ouvir uma gravação de voz com intenção de induzir o estado de transe.
Na neurociência, existem duas redes cerebrais de grande escala, denominadas Rede de Modo Padrão (DMN) - responsável pela autoconsciência e memória episódica, e Rede de Controle Executivo (ECN) - encarregada pela cognição. Durante a hipnose, estas redes se dissociam, o que pode explicar por que os indivíduos hipnotizados conseguem se manter conscientes e capazes de realizar ações, embora não tenham a capacidade de reflexão sobre o envolvimento nessas ações.
Outra descoberta relevante diz respeito ao aumento da conexão entre o Córtex Pré-frontal Dorsolateral (DLPFC) e a Ínsula - região do cérebro relacionada à função somática, processamento da dor, emoção, empatia e percepção do tempo - durante a hipnose. Essa conexão pode explicar como a hipnose auxilia as pessoas a lidarem com a dor.
A equipe de pesquisa também identificou que ocorre uma redução da atividade no Córtex Cingulado Anterior Dorsal (dACC) - uma região cerebral fundamental na avaliação de contexto, que auxilia na decisão do que devemos focar ou ignorar.
A conclusão dos pesquisadores foi que durante a hipnose não há desativação de qualquer região cerebral. Ao contrário, há alterações nas suas conectividades. Algumas se dissociam, enquanto outras se integram, indicando que a hipnose é um estado de consciência alternativo.
Fonte: Mega Curioso
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