Violinista paraplégica volta a tocar com os olhos graças a um cientista brasileiro




POR VANDI DOGADO



A violinista Rosemary perdeu o movimento do braços há mais de 30 anos e um cientista brasileiro devolveu-lhe a oportunidade de fazer o que mais aprecia: tocar violino. Quem é este brasileiro? Eduardo Miranda, professor na Universidade de Plymouth, na Inglaterra, onde realiza uma longa e bem-sucedida pesquisa envolvendo a combinação de música, computação e biologia e possibilitando por meio de eletrodos no cérebro que captam as manifestações neuronais tocar usando os olhos. Fantástico? Sim! Parabéns, Eduardo Miranda! Aliás, como Miranda, Nicolelis e Artur Ávila há dezenas de grandes cientistas brasileiros comandando pesquisas de relevância internacional, mas pouco se encontram no Brasil, visto que nossos políticos são "aberrações intelectuais" e não compreendem o valor da Educação, Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento socioeconômico e humanitário de nossa nação. E, por falar nisso, o Governo Temer é um dos piores da história no investimento em Ciência, fato que tem proporcionado a ida para o exterior de poucos grandes cientistas que realizam pesquisas por aqui. Leia a matéria da BBC logo a seguir:


Uma violinista que perdeu os movimentos após um acidente de carro há 30 anos voltou a "tocar" usando uma tecnologia envolvendo ondas cerebrais.


À frente dela está o brasileiro Eduardo Miranda, professor na Universidade de Plymouth, na Inglaterra, que se dedica há anos a pesquisas que combinam música, computação e biologia de forma a possibilitar que pessoas com deficiências possam se expressar musicalmente.


Rosemary Johnson não consegue mais se mover ou falar, mas usando sensores acoplados à sua cabeça conseguiu selecionar notas exibidas em uma tela - que foram, tocadas, então, em tempo real, por uma antiga colega, a violinista Alison Balfour-Paul.


A performance, ao lado de uma orquestra, foi documentada em um curta metragem.


"Na primeira vez que fizemos um teste com a Rosemary, fomos às lágrimas. Podíamos sentir a alegria vindo dela", lembrou o brasileiro, que também é compositor de música clássica contemporânea.


"Quando vi Rosie pela primeira vez, algo estalou. É muito interessante trabalhar com ela. Uma vez que ela é uma musicista clássica, não preciso perguntá-la muitas coisas. Por meio da tecnologia, estamos quase instantaneamente trabalhando no domínio da comunicação musical".


"Trabalhar com ela está nos ajudando a desenvolver e formatar esta tecnologia. É uma mistura maravilhosa entre ciência e criatividade", diz Eduardo Miranda.






Image caption 'Podíamos sentir a alegria vindo dela', lembra o professor brasileiro Eduardo Miranda | Foto: Divulgação/ Plymouth University


Acidente a caminho de apresentação


Uma instrumentista clássica promissora, Johnson tinha 22 anos e era a quarta violinista da Ópera Nacional de Gales em 1988 quando sofreu um acidente de carro, a caminho de um concerto.


Ela estava na orquestra havia apenas nove meses quando se acidentou.


Balfour-Paul, que vive em Cardiff, capital do País de Gales, foi contatada há seis semanas por uma amiga em comum, que manteve contato com Johnson. Até então, a equipe não havia encontrado uma pessoa que pudesse tocar com ela. Balfour-Paul permaneceu na Ópera Nacional de Gales após o acidente da violinista e agora trabalha como instrumentista autônoma.


"Aceitei porque fui colega de Rosie há 29 anos. Ela era uma musicista amável, com tudo indo a seu favor. Mas se envolveu neste terrível acidente, que danificou gravemente o seu cérebro", conta Balfour-Paul.





Image captionAlison Balfour-Paul foi colega de Johnson Tecnologia em desenvolvimento




Segundo Eduardo Miranda, a tecnologia, cujo desenvolvimento tem parceria do Hospital Real para Deficiências Neurológicas em Londres, vem sendo estudada desde 2003 com uma equipe de engenheiros e profissionais da área da saúde.


"A ideia surgiu quando eu li uma notícia que cientistas estavam desenvolvendo métodos para controlar máquinas usando sinais elétricos cerebrais, chamados eletroencefalogramas. Eu achei a ideia fascinante e comecei a investigar a possibilidade de usar esse tipo de tecnologia para criar instrumentos musicais eletrônicos", lembra o brasileiro.


"No início, minha intenção era de desenvolver uma especie de estetoscópio cerebral para escutar e gravar os sinais elétricos do meu cérebro".


Aí Miranda conheceu Wendy Magee, uma médica australiana que trabalha com terapia musical para pacientes severamente paralisados, e resolveu focar o projeto em pessoas nessa situação. Agora, o professor conta que a tecnologia ainda tem um longo caminho de aperfeiçoamento pela frente e deve chegar ao Brasil.


"Estou em contato com algumas instituições brasileiras para ver se podemos mostrar o trabalho no país no ano que vem. Mas, o trabalho não está pronto ainda para ser usado mais amplamente. Tem muito a ser feito para resolver varios problemas técnicos e práticos", disse o brasileiro, que afirma depender da disponibilidade de colaboradores e de financiamento para seguir em frente com a tecnologia.


Fonte: BBC






 


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