Conheça o maior gênio brasileiro da atualidade
Separar questões ideológicas e pessoais das profissionais em avaliações ou julgamentos de outros indivíduos ainda parece um grande desafio no Brasil. Se fulano é de direita nada que o de esquerda fizer terá valor e vice-versa. O cientista Miguel Nicolelis de fato é um apreciador dos holofotes e não foge de uma boa polêmica, contudo seu trabalho foi muitas vezes atacado injustamente por jornalistas e até mesmo por cientistas brasileiros, devido ao fato de ele defender o governo petista e ter recebido dinheiro público no projeto sociocientífico de Macaíba no Rio Grande do Norte e para o experimento com o exoesqueleto na abertura da Copa do Mundo. Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi da Veja e o músico Roger Moreira já o atacaram diversas vezes em artigos de opinião e em redes sociais. Também manifesto discordância de colocar 25 cientistas em intenso trabalho a fim de construir um exoesqueleto em curto prazo (um ano e meio aproximadamente) para que um paraplégico desse o primeiro chute na bola na Copa de 2014. Foi uma péssima ideia! Não obstante nada diminua a importância do extraordinário trabalho de Nicolelis, porquanto o problema foi a Fifa e não a relevantíssima tentativa de mostrar ao mundo o progresso científico, sobretudo o grande feito de um brasileiro.
Sabe-se muito bem que uma instituição como a FIFA iria boicotar a apresentação do paraplégico Juliano Pinto, pois as preocupações são bem distintas, basta observar a intensa corrupção que circunda a mais poderosa instituição esportiva do planeta. Ciência não combina com grandes espetáculos quanto menos Fifa combina com a relevante evolução da interface homem-máquina. Ela não merecia receber o notável experimento. Isso levou o evento a ser considerado pela revista MIT Technology Review como um dos fracassos tecnológicos de 2014. Todavia, foi a única repercussão negativa na comunidade científica internacional, as demais consideraram um sucesso e uma vitória da ciência. Por exemplo, a rede online norte-americana The Verge, uma das maiores referências em ciência, tecnologia, arte e cultura (premiada cinco vezes pela International Academy of Digital Arts and Sciences) descreveu o chute de Juliano Pinto com o exoesqueleto como um dos destaques científicos de 2014, concedendo a Miguel Nicolelis o status de estar entre as 50 personalidades mundiais que contribuem na contemporaneidade em prol do ser humano.
Independentemente da personalidade irreverente do brasileiro, é indiscutível a genialidade de Miguel Nicolelis e inquestionável a grande relevância do Projeto Andar de Novo e do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (ainda que se deva averiguar os apontamentos do Tribunal de Contas da União sobre as viabilidades de funcionamento e a transparência sobre gastos públicos do projeto. Aqui manifesto minha convicção de que o gênio é honesto e qualquer afirmação contrária é um disparate ). Descartando as infundadas críticas dos jornalistas que almejam uma catarse de reprimidos desejos de se colocarem no mesmo patamar intelectual do cientista, citarei apenas certas declarações de outros cientistas tupiniquins, por exemplo, o fato de não haver publicação nas grandes revistas científicas mundo afora foi a mais marcante. Pareceu-me mais um mecanismo de defesa (pseudociência freudiana rsrsrsrs) tentando ofuscar o brilho do colega de profissão, já que se deve a priori colher dados, experimentar e avaliar resultados antes de quaisquer publicações. A pesquisadora Suzana Herculano Houzel em sua página de Facebook opinou sobre o chute por meio exoesqueleto na Copa de 2014: "Acho que a impressão final é que os 33 milhões de reais da FINEP aprovados pela Dilma para o Andar De Novo compraram, até agora, apenas 3 segundos de televisão. Espero que, no final, seja bem mais do que isso, claro. Ressalto que o guindaste que, sustentado por dois ajudantes, não foi o que possibilitou ao rapaz dar um chute, mas aparentou muito aquém da expectativa tão alardeada. Por outro lado, que fique claro: tenho PLENA confiança no que Miguel é capaz de fazer. Isso ele já demonstrou em seus artigos científicos". Eu irei além, não só artigos, mas por suas brilhantes descobertas nos estudos do cérebro que, a meu ver, colocam-no entre os grandes benfeitores da humanidade.
Passado algum tempo depois, a Nature calou os cientistas brasileiros e publicou o experimento (leia aqui http://www.nature.com/articles/srep...).
Outras relevantes revistas e jornais renomados internacionalmente têm divulgado a fantástica evolução dos pacientes pelo treinamento realizado com o exoesqueleto e com a realidade virtual. Todos passaram da condição de paraplegia total à parcial e recuperaram levemente movimentos devido às melhorias neurológicas e muscular, possibilitando o aumento de sensibilidade tátil e o adequado funcionamento de vários órgãos vitais, inclusive tais melhorias possibilitaram a uma mulher a realização do sonho de ser mãe. Muitos cientistas que o criticaram deixavam claro que acreditavam em Nicolelis, apenas consideravam inaceitável o excesso de propaganda em torno de suas pesquisas; alguns disseram que Nicolelis é um ótimo cientista, mas não se difere de muitos cientistas brasileiros; já Ivan Isquierdo, premiado neurocientista argentino (naturalizado brasileiro em 1981) tece críticas mais severas à eficiência das descobertas de Nicolelis. “Quando aperto um botão, estou interagindo com a máquina. Meu cérebro, via dedo, com o computador. Conheço o projeto (de Nicolelis) muito bem. Não daria certo do jeito que foi feito, pois foi mal feito. Tentou usar uma coisa que não transmite sinais mensuráveis, que é o eletroencefalograma, para mexer com uma máquina. O eletroencefalograma tem sinais de pouquíssima voltagem. Poderia ser através de descargas neuronais, mas isso não dá para fazer em um humano, por implantes, porque você vai preso. Deveria ser fuzilado instantaneamente sem julgamento. Graças a Deus, estamos longe disso. Não envolve ciência realmente, nem tecnologia, pois já é preexistente. Por esse lado, o Brasil não vai ganhar um prêmio Nobel”. A crítica de Isquierdo refere-se ao fato de Nicolelis ser apontado como o possível laureado com o Nobel para o Brasil. Desde que, ao lado John Chapin, construíram uma interface capaz de monitorar simultaneamente perto de cem neurônios, distribuídos pelos lobos frontal e parietal, possibilitando uma comunicação neurônios-linguagem computacional-movimentos robóticos passou a ser considerado um potencial vencedor de um Nobel. Não se deve esquecer de que Artur Avila Cordeiro de Melo sem nunca ter sido apontado como vencedor de um prêmio tão relevante com a Medalha Fields (a meu ver cognitivamente mais elevado que qualquer Nobel) foi o primeiro latino-americano a ganhar o proeminente prêmio matemático. De qualquer forma, o trabalho de Nicolelis deve progredir e possivelmente provocar uma grande revolução de como nos relacionamos com as máquinas, sem dúvida já é merecedor de Nobel.
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE MIGUEL NICOLELIS
Miguel Ângelo Laporta Nicolelis (São Paulo, 7 de março de 1961) é um médico e cientista brasileiro, considerado um dos vinte maiores cientistas do mundo no começo da década passada pela revista "Scientific American". Nicolelis foi o primeiro cientista a receber no mesmo ano dois prêmios dos Institutos Nacionais de Saúde estadunidenses e o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science. Lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência na Universidade Duke (Durham, Estados Unidos), no campo de fisiologia de órgãos e sistemas. Seu objetivo é integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). Suas pesquisas desenvolvem próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal. Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. Nicolelis também concebeu e lidera o projeto do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), na capital do Rio Grande do Norte.
Miguel Nicolelis é membro da Academia Francesa, do Vaticano e Brasileira de Ciências. Foi condecorado com mais de 30 prêmios internacionais e é o maior cientista brasileiro da atualidade. É também autor do livro MUITO ALÉM DO NOSSO EU, CÉREBRO RELATIVÍSTICO (escrito com o brilhante matemático Ronald Cicurel) e "MADE IN MACAÍBA" em o neurocientista relata como foi a implantação do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, o maior centro educacional de ciência da América Latina, que está instalado em Macaíba, região metropolitana de Natal. O livro mostra os desafios de se fazer ciência e tecnologia em uma das regiões mais pobres do país e é uma lição de empreendedorismo e incentivo à educação
RESUMO TRADUZIDO DO ARTIGO DA REVISTA NATURE
A Interfaces cérebro-máquina (específicas) fornecem uma nova estratégia assistencial e objetiva restaurar a mobilidade em pacientes severamente paralisados. Ainda, não havia nenhum estudo em animais ou em seres humanos indicando que o treinamento em longo prazo do IMC poderia induzir qualquer tipo de recuperação clínica. Oito paraplégicos de lesão (SCI) de medula espinhal crônica (3 – 13 anos) foram submetidos em longo prazo (12 meses) de formação com o paradigma de neuroreabilitação em multiestágios baseados no IMC a fim de restaurar a locomoção. Este paradigma combinando com intensa realidade virtual imersiva e enriquecido treinamento tátil-visual por meio de EEG (Eletroencefalograma) robóticos, incluindo um design personalizado de membros inferiores do exoesqueleto foi capaz de fornecer um importante feedback tátil. Após 12 meses de treinamento, todos os oito pacientes experimentaram melhorias neurológicas na sensação somática (localização da dor, toque fino/bruto e sensoriamento proprioceptiva) em vários órgãos. Pacientes também recuperaram o controle motor voluntário nos músculos-chaves abaixo do nível SCI, medida pelo EMGs, resultando em uma melhoria significativa em seu índice ambulante. Como resultado, 50% desses pacientes mudaram da categoria taxonômica de paraplegia completa para incompleta. A recuperação neurológica resulta da plasticidade cortical e medular espinhal desencadeada pelo uso a longo prazo do IMC.
PS: Não poderia deixar de mencionar que Miguel Nicolelis é odiado pelos defensores dos direitos animais. Nicolelis responde que as pessoas reclama, mas não param para refletir que quando tomam um simples remédio para dor de cabeça esteve diante de um produto que foi testado em animais. Espero que um dia seja possível usar potentes computadores para simular experiências científicas, evitando assim o sofrimento de animais. De qualquer forma, o uso para fins cosméticos deve ser imediatamente extirpado.
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